Já não leem o que escrevo
no agora, julgam-me apenas
pela inconstância do relevo.
Morrem a metáfora e o olfato
nos olhares que agonizam
sobre a semântica do ato...
Efêmero, alguém no outro lado
teme pela vida que logo
cairá no mundo da língua vazia.
Aqui: o amor erógeno. E lá
entre carros e sombras
está o caos sem fantasia;
vultos, inexistentes em si
entreolhando-se estaremos nós
às ruas, apressados
pela interminável respiração que se alonga já sem fôlego
[aos olhos que morrem ao ver o mundo sem poesia.Delalves Costa
Professor e escritor